Reflexões sobre a guerra na Ucrânia

Somos quase 8 bilhões de pessoas no mundo. Estamos divididos no que chamamos de países, ou Estados-Nação, agrupamentos humanos semelhantes ao que antigamente chamávamos de tribos.
Como num universo de quase 200 países, diferenças de visões, de valores e de interesses são inevitáveis, e muitas vezes conflitantes. Estamos, portanto, condenados a ter que administrar conflitos de alguma forma, já que o mundo não tem um chefe com poder de ‘por ordem na casa’.
Até num passado não muito distante os conflitos eram resolvidos pela força, o popular, “quem pode mais chora menos”.
Com o passar do tempo, nós humanos passamos a interagir, conviver e depender mais uns dos outros, e por isso desenvolvemos processos e instituições supranacionais para ajudar na resolução de conflitos através de diálogo e negociações, evitando assim o uso da violência. Este foi um passo essencial no nosso processo de desenvolvimento civilizacional.

É nesta moldura que se enquadra, ou deveria se enquadrar, a invasão da Ucrânia pela Rússia.
Segundo o presidente Putin a ocupação da Ucrânia é necessária para contrapor o avanço da OTAN em direção aos países do leste europeu fronteiriços com a Rússia, e evitar que a Ucrânia também se torne membro desta organização o que, na sua visão, ameaçaria a segurança da Rússia.
A Ucrânia, por outro lado, é um país soberano com um governo democraticamente eleito que, em princípio, deve ter a liberdade de se aliar ao bloco que julgar melhor para seus interesses.
Mesmo reduzindo as motivações de ambos os lados apenas às apresentadas acima, a forma civilizada de arbitrar este conflito deveria ser através de negociações, utilizando os meios diplomáticos e as instituições disponíveis para este fim.
Ao invés disto, o uso da força pela Rússia, mesmo sem o aparente apoio da sua população, só é possível devido ao poder autocrático que Putin exerce, desprezando totalmente as regras do jogo civilizado.
As consequências possíveis desta aventura, se bem sucedida, além das mortes e sofrimento que irão causar às populações diretamente envolvidas, pode despertar apetites semelhantes em alguns candidatos a autocratas, próximos a nós e mundo a fora, o que seria um retrocesso no nosso processo civilizatório.

Alex Strum

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