Questões cruciais da Serra da Cantareira em pauta no Conseg

Em ação coletiva, moradores da Serra da Cantareira mais uma vez colocaram na pauta da reunião mensal do Conseg (Conselho de Segurança) de Mairiporã suas inquietações relativas ao policiamento e fiscalização nas guaritas das vias de acesso de São Paulo à Serra. Além disso, as demandas decorrentes do inegável crescimento populacional e o incentivo ao aumento dos ‘centros turísticos comerciais’, dentre outras questões, traduzem de forma clara a insegurança dos moradores diante de situações de desrespeito ao sossego público e ao meio ambiente, com problemas até agora sem solução no que se refere, por exemplo, a saneamento básico, vigilância sanitária, coleta de lixo.

Realizada no dia 8 de dezembro, embora não contasse com número expressivo de participantes – muitos moradores justificaram a ausência devido ao horário inicial das 17h30 –  os presentes manifestaram educadamente, mas também de maneira contundente e representativa, os anseios sempre reiterados da grande maioria dos serranos que vêm se comunicando em vários grupos de compartilhamento.

Em exposição preliminar, o secretário em exercício de Segurança Pública e Mobilidade Urbana, Major Ventura (foto), destacou os principais problemas da Serra da Cantareira em sua área de atuação: tráfego irregular de veículos pesados, excesso de velocidade e imprudência, falta de cinto de segurança e manuseio do celular ao dirigir. Fotos apresentadas mostraram por si só a imprudência de alguns motoristas. Ventura também afirmou estar ciente da necessidade de fiscalização e de sinalização mais eficazes, que, segundo ele estão sendo providenciadas. Explicou, por meio de planilha, a  grande quantidade de atendimentos e autuações da GCM realizados de janeiro a novembro de 2021.

Quanto à ausência de policiamento adequado e viaturas na guarita localizada no Portal da Serra, na bifurcação da avenida José Gianesella e estrada da Roseira, para fiscalizar e coibir o tráfego de caminhões, o problema estaria também no “engessamento” da força policial pela não renovação de um convênio entre a Prefeitura e a PM.

Houvesse no local a presença de agentes de segurança e monitoramento, não só multando os infratores, mas agindo preventivamente, haveria maior sensação de segurança e satisfação dos moradores da Serra.

Não aos caminhões e ônibus na subida da Serra 


Na tribuna, a representante dos moradores, Célia Kaufmann (foto), falou não só em nome dos que trafegam pela via de acesso da Vila Albertina até a estrada da Roseira, como também dos familiares e amigos daqueles que perderam a vida tragicamente nesse percurso em acidentes envolvendo caminhões. Citou os casos da jornalista Marisa Fernandes, quando, ao voltar para casa com três filhos, há 27 anos, um caminhão vindo em sentido contrário atravessou a pista provocando a morte de todos, assim como o do caminhão da Eletropaulo, há 6 anos, no mesmo local.  Veja no  Acervo do Jornal da Serra impresso.

Grande parte dos moradores da região que se deslocam por essa estrada a cada dia vê mais caminhões subindo e descendo. Sabe-se, portanto, que é urgente e necessário que medidas mais restritivas sejam implementadas, pois os motoristas têm ignorado a sinalização. Caso este fluxo não seja interrompido o mais rápido possível, corre-se o risco de “uma tragédia anunciada, previsível e evitável”, disse Célia, concluindo: “Não queremos mais caminhões na Serra. Queremos a preservação de nossas vidas e a preservação de todas as formas de vida”. O número de acidentes só tem aumentado (veja matéria recente).

Não ao turismo predatório na Serra  (leia também  O peru no pires)

Outra moradora da Serra destacou que a fiscalização também deveria estar atenta ao que vem ocorrendo com o crescimento turístico de forma desordenada e predatória, o que é consensual entre os moradores serranos. Se o município não consegue atender às demandas básicas dos moradores da Serra, quanto mais atender e incentivar a vinda de turistas, como vem ocorrendo por parte do poder público.

Mais moradores ainda, como o Tenente Coronel Noronha e Rodrigo Salles (foto), mesmo reconhecendo os esforços das autoridades presentes, pediram soluções urgentes tanto para o monitoramento quanto esforços para coibir abusos de moradores e visitantes no que diz respeito à Lei do Sossego e outras perturbações da ordem, como o estacionamento irregular de veículos.

Componentes da mesa: Presidente Apóstolos Christos; Comandante Capitão Dezervich;  Delegado Dr. Fábio Souza; Comandante da GCM Viviane Inácio; Conselheira do Conselho Tutelar Suze Dias, o secretário em exercício de Segurança Pública e também de Mobilidade Urbana,  Major Ricardo Enrico Ventura.

Texto: Angela Tijiwa e Leticia Regina
Fotos: Letícia Regina e Isabel Raposo

Deixe uma resposta