‘Teatro Brasil’

Em cartaz no ‘Teatro Brasil’ um conjunto de espetáculos tragicômicos com pitadas circenses, encenados por três Companhias, e um ator solo, muito conhecidos do público brasileiro.
A trupe Os Magistrados, composta por onze membros devidamente uniformizados com trajes que lembram vampiros, falando num idioma, “juridiquês”, ininteligível para a maior parte da plateia, travam, no primeiro ato do espetáculo, acalorados debates que resultam em decisões chamadas de julgamentos de última instância.
Depois do intervalo, no segundo ato, o script se repete e, os mesmos atores, onde se destaca o conhecido ator GM, com sua expressão carrancuda e verve eloquente, após novos debates, para surpresa geral da plateia, demonstram que o contrário do que haviam decidido no primeiro ato é que é a decisão certa. Os condenados no primeiro ato passaram a ser inocentes no segundo. Este roteiro em que algo parece ser, mas não é, lembra o famoso dilema proposto por Shakespeare, “ser ou não ser”.
A segunda trupe denominada Os Congressistas, muito numerosa e ruidosa, encena as peças “Legislando em Causa Própria” e “O Butim é Meu, Eu vi Primeiro”. O espetáculo lembra os shows do tipo pastelão, onde todos gritam simulando grandes desentendimentos sobre o destino de recursos públicos, mas ao final da encenação, estes recursos acabam sendo divididos entre os próprios atores que, voltados para a plateia e gargalhando, distribuem ossos e narizes de palhaço para o público.
A terceira Cia é chamada de Os Economistas, liderada pelo inigualável ilusionista PG, e que traz o espetáculo “Decolando, só que Não”. Neste show PG tira da cartola fatos e estatísticas inventados e faz previsões dignas de mãe Diná, tudo isto aos aplausos entusiasmados da parte dos espectadores sentados na primeira fila do teatro. Nas últimas apresentações, entretanto, grande parte da plateia, já irritada, passou a vaiar PG por ter descoberto os truques do ator que, mesmo assim, mantém o mesmo script.
Nos intervalos entre os espetáculos apresenta-se um ator mambembe, conhecido por JMB, que procura distrair a plateia falando qualquer bobagem que lhe vem à cabeça, e às vezes ofendendo e xingando membros da plateia, enfim, fazendo o papel que, nos reinados de antigamente, era conhecido por “bobo da corte”. Ultimamente este ator tem perdido prestígio por falta de renovação do seu show e os espectadores, com exceção de alguns fãs incondicionais, não prestam mais atenção aos seus ‘stand up’ escatológicos.
Os ingressos são vendidos em três formas: os mais baratos são trocados por ‘esperança de dias melhores’; os intermediários por ‘liberdade’, e os mais caros pela ‘vida’.

Alex Strum
Meu nome oficial é Alexander, mas me chamam de Alex. Nasci em Bucarest na Romênia em 1947, de família que vivenciou e foi vítima do Holocausto. Moro no Brasil desde 1952, sou casado, tenho dois filhos e dois netos. Sou engenheiro com especialização em administração de empresas. Hoje aposentado, trabalhei em diversas funções em grandes empresas multinacionais e como consultor. Tenho casa na Serra desde 1978 e estou morando aqui desde o início da pandemia. Gosto de caminhar, de viajar, conversar com os amigos e de ler. Meus temas preferidos são filosofia, história, economia e política e, claro, gosto de futebol. Sou antenado e tenho também muito gosto pela escrita.

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